A eletrificação do transporte rodoviário no Brasil deve expandir-se continuamente ao longo da próxima década, avançando de forma significativa em certos nichos de aplicação. A penetração de motorizações alternativas no licenciamento de novos veículos semileves e leves, para uso com o transporte cargas, deve ser particularmente elevada, alcançando, em 2032, cerca de 20% para elétricos e 15% para híbridos. Contribuem para isso a eletrificação de nichos como da entrega em última milha, estimulada por compromissos ESG de grandes empresas, e por crescentes restrições às emissões e à circulação de veículos poluentes em áreas urbanas, principalmente metrópoles.
A eletrificação de frotas de transporte público de massa também deve ancorar a disseminação da eletrificação em ônibus, elevando as projeções de licenciamentos de veículos elétricos novos para cerca de 10% em 2032. A compra de ônibus elétricos a bateria anunciada por cidades como São Paulo, São José dos Campos e Salvador fundamentam essa projeção. Observa-se que a eletrificação ainda enfrenta barreiras no curto prazo, especialmente em função do preço de aquisição dos ônibus e da infraestrutura de carregamento.
Os licenciamentos de automóveis elétricos privados devem ser inicialmente limitados aos segmentos de maior renda, em função dos níveis de renda, do comprometimento da renda com o serviço da dívida, e dos patamares de preços de veículos novos. Para caminhões semipesados e pesados, a significância do peso e do custo das baterias torna a eletrificação mais difícil e onerosa, restringindo sua aplicação para distâncias menores. Há oportunidade para outras tecnologias, como a hibridização e o gás natural (tanto comprimido, como liquefeito). No entanto, projeta-se que a motorização a diesel permaneça com cerca de 95% do total de licenciamentos em 2032.
O presente caderno também realiza uma abordagem do contexto internacional, explicando como subsídios governamentais e investimentos públicos e privados em veículos e redes de carregamento estão promovendo a expansão da eletrificação, especialmente nos EUA, na Europa e na China. No entanto, a eletrificação mais maciça nos países desenvolvidos tende a pressionar a oferta de materiais críticos, levantando questões sobre garantia de oferta, divergências geopolíticas, e de concentração da produção e processamento. O desequilíbrio entre oferta e demanda tende a se refletir nos preços, dificultando a adoção generalizada da eletrificação.
O Brasil não sofre as mesmas pressões que outros países para eletrificar rapidamente sua frota pois é relativamente pouco dependente de importações de energia; possui um mercado de biocombustíveis bem estabelecido, com atividade econômica e empregos bastante relevantes; não tem a mesma demanda emergencial por redução da poluição local, embora haja oportunidades de melhoria; e os recursos para subsidiar veículos elétricos disputam espaço com outras medidas para promoção de crescimento e distribuição de renda.
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